domingo, 17 de fevereiro de 2008

Edmundo Pedro, o Histórico tem esperança no futuro (2ª parte)

Por Raquel Brito e Tiago Salgueiro Mendes.

Sendo militante do Partido desde Setembro de 1973, Edmundo Pedro encara a actualidade do PS com tristeza. Para um idealista e lutador, a ausência de renovação de quadros e falta de oportunidades que deveriam ser dadas aos mais jovens, afastam o Partido dos ideais que o guiavam em tempos idos. Contudo, Edmundo Pedro acredita que o futuro reservará melhores dias ao Partido e em especial à Concelhia de Lisboa.


Dar Força à Juventude: Como define o momento actual do Partido Socialista e da sua Concelhia de Lisboa?

Edmundo Pedro: Estou bastante crítico nalguns aspectos. Parece-me que aquilo que está a ser feito é indispensável, mas há alguns aspectos da actividade do Partido que me chocam, nomeadamente um afastamento progressivo dos ideais que nortearam e inspiraram o partido desde a sua fundação.
Eu sou amigo pessoal do Miguel Coelho há muitos anos. Devo-lhe uma coisa que nunca esquecerei. Nenhuma direcção do Partido se lembrou de me fazer uma homenagem nacional, que eu acho que merecia, porque defendi sempre os interesses do Partido. Penso que o Partido nunca me quis fazer uma homenagem porque isso implicaria abordar uma matéria ingrata. O comportamento do Partido no meu caso foi bastante desadequado. O Miguel Coelho foi o primeiro que, quando foi eleito para a Concelhia de Lisboa, tomou a iniciativa de me fazer uma homenagem com 600 pessoas na Estufa Fria. Há pouco tempo encontrou-me na AR e teve a indelicadeza de me lembrar isso. Eu disse-lhe: “Miguel, eu sou teu amigo, mas não devias candidatar-te. Não esqueço que foste solidário comigo, mas isso é uma coisa e a candidatura é outra e eu não concordo com ela porque acho que já cá estás há muito tempo e é altura de renovar os quadros. Por isso não te posso apoiar”. Fui completamente frontal como costumo ser.
Eu acho que neste momento se põe um problema de renovação etária e que está na altura de gente mais nova assumir postos importantes. O Miguel Teixeira apresenta-se como alguém que tem um perfil estimável. Francamente até me meteram uma intriga que me levou a suspender o apoio ao Miguel para averiguar da sua veracidade, mas ao perceber que não passava disso mesmo, de uma enorme mentira, até reforcei a minha determinação e o meu apoio. Infelizmente neste partido baseia-se tudo na intriga e na maledicência. Todo este ambiente é um ambiente pouco são, que eu não conhecia no Partido há muitos anos e fiquei a conhecer agora. Isso indigna-me e entristece-me muito. Aderi ao partido em Setembro de 1973 e tenho responsabilidades políticas no Partido Socialista porque sou seu fundador institucional e como digo, o que se está a passar inquieta-me: há toda uma cultura que se está a desvanecer.



DFJ: Como conheceu Miguel Teixeira?

EP:
Conheci-o apenas na Secção.

DFJ: Como chegou Miguel Teixeira à Secção de Alvalade?

EP:
Era um jovem com ideias, com vontade de trabalhar, com princípios e alinhado com as ideias que eu tenho para o Partido Socialista. Vai com a sua acção moralizar o Partido, tornando-o mais participativo. A Secção com Miguel Teixeira passou a ter um nível de actividade que não tinha. A Secção sofre ainda de alguns problemas, como o facto de ainda não ter uma sede. Mas, apesar das dificuldades, o Miguel Teixeira tem organizado inúmeros debates no Hotel Roma e noutros locais. Tem tornado a secção de Alvalade mais activa e participativa.

DFJ: Quem são os apoiantes de Miguel Teixeira?

EP:
Tem apoios em todos os sectores etários: os mais jovens e também muitos históricos como o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, o Consiglieri Pedroso e eu próprio.

DFJ: Porque apoia o Miguel Teixeira?

EP:
Tenho esperança no Miguel Teixeira. É um jovem inteligente, determinado. Dizem que ele é ambicioso, mas a ambição não tem mal nenhum quando tem por trás causas justas e os valores certos. Ele tem o direito de se realizar pessoalmente e ter ambições pessoais desde que elas estejam ao serviço daquilo em que ele acredita e ao serviço das boas causas, que é o caso das dele. Estou disposto a apoiar o Miguel Teixeira empenhadamente. Estou disposto a travar esta batalha.



DFJ: O que pensa da actual candidatura do Miguel Teixeira à Comissão Política Concelhia de Lisboa?

EP:
Tenho esperança que ele ganhe a Comissão Política Concelhia de Lisboa. É um elemento de renovação que o Partido precisa. É uma nova esperança para o Partido e para muita gente, para combater o aparelho em que a Concelhia se transformou.

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