quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Uma nova geração de políticos.

A reflexão que precede a adesão a um partido político é cada vez mais profunda. Se depois do 25 de Abril, a adesão a partidos era um gesto natural – quase necessário – hoje os partidos são olhados com desconfiança e vão sofrendo baixas nas suas fileiras.
Contudo, a cidadania não está em crise. O voluntariado e os movimentos sociais têm engrossado os seus quadros na mesma medida em que as organizações partidárias emagrecem. Ainda, existem militantes de partidos que se dedicam a causas sociais noutros fóruns, secundarizando a vida partidária. Isto sucede por várias razões. Em primeiro lugar, a coesão dos movimentos de causas consegue-se porque a agregação diminui, quanto mais matérias são objecto de posicionamento. Dito de outro modo, serão mais os que se conseguem entender por poucas matérias do que os que se conseguem agregar na defesa de todo um sistema ideológico. Em segundo lugar, o exercício do poder conforma os perfis dos próprios membros dos partidos, coisa que não é tão evidente nos movimentos sociais.
Tem-se notado uma perigosa tendência para valorizar os movimentos sociais em detrimento dos partidos. Do mesmo modo, valoriza-se a sociedade civil quase contra o Estado – por absurdo. Mas começa a notar-se um ressurgimento dos partidos. Pela própria identificação do problema, os partidos vão renovar-se. A renovação não é apenas geracional, mas também de estilo. Existem novos valores nos perfis dos políticos. Hoje valoriza-se a qualificação e o perfil técnico. Agora valoriza-se a inserção social e profissional e a credibilidade inter-pares fora da política.
Esta nova geração de políticos – que o será só transitoriamente – trará outros olhares à decisão política. Sobretudo trará desinteresse, valorização do serviço público e da causa comum. Trará alternâncias e alternativas, tão necessárias à saúde da democracia.
André Caldas

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