sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ser de Esquerda hoje

Hoje trago um tema diferente...
Nesta época mediática, em que a superficialidade e o efémero querem tomar conta de nós, compete-nos enobrecer a política fazendo dela um permanente exercício de seriedade, de pedagogia e, acima de tudo, de coerência com a nossa história e com aquilo que sentimos.

De facto, enobrecer a política é justamente defender um modelo de organização de sociedade que, não esquecendo a sua história, pretenda ser vanguardista e adequado ao compasso do tempo. Sabido é que o fenómeno da má reputação da política e dos partidos está a ocorrer em toda a Europa. O economicismo manda e o dinheiro é rei. A solidariedade é um valor pouco cotado em sociedades extremamente individualistas, sem ética nem princípios ou causas a defender. Cada um procura desembaraçar-se como pode. A Esquerda tradicional – e a nova esquerda altero-mundialista – estão à deriva, sem rumo claro, sobretudo em termos europeus.

O diagnóstico está realizado todavia, o que significa, nos nossos dias, ser de Esquerda? Alimento este tema, como já o tinha feito, por me ser bastante interessante e necessário. Não o olhem como qualquer tentativa de formação ideológica. Assim, quero hoje partilhar com todos vós umas breves palavras do nosso camarada e fundador do Partido Socialista, o grande Mário Soares.

Ser de Esquerda hoje, a meu ver, para um europeu, não é só ter um passado coerente, antifascista, anticolonialista, a favor dos Direitos Humanos e da igualdade entre homens e mulheres; é ser a favor de uma democracia económica e social (e não de uma “democracia liberal”); é lutar contra as desigualdades sociais; ser a favor de uma Europa Política e Social, capaz de ser solidária com todas as outras Regiões do Mundo onde se sofre; e a favor das grandes causas da defesa do Ambiente, dos Direitos Humanos e da igualdade de todos os seres humanos, independentemente do sexo, opção sexual, raça, religião ou condição social; é ser pelo primado da política sobre a economia, da ética, contra a mistura explosiva do negocismo e da política; é ser tolerante e aceitar o outro, como diferente de nós, partidário do multiculturalismo e da laicidade, ou seja, a favor da separação do Estado e das Igrejas; a favor de um sistema capaz de corrigir as desigualdades, de um Estado de Direito, interveniente, mormente no campo da saúde, da justiça, do ensino, do conhecimento e do aproveitamento dos melhores.

Continuará correcto quem algum dia afirmou que a esquerda morreu? Não farão sentido as clivagens ideológicas? Cada vez mais, por certo...

Pensem nisto caros camaradas!

Sem comentários: